Temos de ter noção de que somos o futuro do País…
Temos de ter noção de que somos o futuro do País, por isso não podemos encarar esse desafio de ânimo leve.
O advogado está a desenvolver o que considera ser o seu maior projecto empresarial. Mas sem descurar o seu contributo para o associativismo, ajudando os jovens a integrarem-se na sociedade.
Nesta semana, estivemos à conversa com o jovem advogado Danilo Bolonhês Pitta-Groz, no agradável restaurante Terrakota, do Hotel Epic Sana. Local e momento em que ficamos a saber as aspirações e os projectos pessoais do nosso convidado. Danilo Pitta-Groz , 31 anos, cresceu no Bairro Vila Alice, onde passou a maior parte da sua infância e adolescência. Com apenas 17 anos, ingressou na Faculdade de Direito da Universidade Agostinho Neto, tendo terminado o curso em cinco anos.
Rumou, então, para Lisboa para dar continuidade à sua formação. Concluiu duas pós-graduações e o mestrado na Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa. De regresso à sua terra natal, em 2012, decidiu retomar o estágio no escritório de advocacia onde já tinha estado, antes da ida para Portugal.
Carreira profissional e projectos
Pelo caminho foi convidado para ser assessor do juiz-conselheiro no Tribunal Constitucional de Angola, em 2012, função que desempenhou até Janeiro de 2016. Agora quer dedicar-se aos seus próprios projectos. “A nível profissional, pretendo consolidar a minha carreira de advogado, a médio prazo, e, com a colaboração de alguns colegas, ter o meu próprio escritório de advogados”, revela.
Profissionalmente, tal como revela, está a especializar-se cada vez mais em direito societário e das empresas. Por isso, afirma que tem trabalhado com um leque variado de empresas. Desde as do sector petrolífero, mineiro, comercialização de produtos farmacêuticos, comércio geral às empresas de prestação de serviços.
Neste momento, Danilo diz que está a trabalhar no que considera ser o seu maior desafio: a implementação do projecto empresarial de aquacultura, para a produção intensiva de tilápias. O seu objectivo é contribuir para minimizar a carência do nosso mercado neste segmento, “uma vez que o peixe constitui a base alimentar de muitas famílias em muitas regiões do nosso País”. Está também, “ainda de forma tímida e embrionária”, no segmento da limpeza e higienização, e também no segmento do catering com a distribuição de refeições, mas a fase final da implementação é de montar uma churrasqueira.
Outro projecto que partilhou connosco é o “ABC do Empreendedor”, uma ideia que surgiu na sequência do trabalho que já vem realizando no Fórum Angolano de Jovens Empreendedores (FAJE) com os jovens, por forma a mitigar os riscos e as dificuldades com que muitos jovens se deparam na constituição de uma empresa e consequentemente de um negócio. A ideia resultou da mesma dificuldade que teve com três amigos, no início da constituição dos seus próprios negócios. “Então decidimos que criaríamos uma plataforma onde os jovens podem encontrar a maior quantidade possível de informação sobre a constituição da sua empresa”, explicou.
O associativismo em prol da juventude
O facto de se ter formado numa universidade pública do País e não ter pago qualquer propina nos cinco anos do curso foi gratificante para Danilo, que sente que é hora de retribuir ao País “a possibilidade que o Estado lhe proporcionou deter uma formação superior praticamente gratuita”. Por isso, há um ano que integra o FAJE, associação sem fins lucrativos que tem como objectivo incentivar os jovens de qualquer estrato social ou nível de escolaridade a abraçarem o empreendedorismo, seja pela criação de um negócio ou de uma empresa.
“É uma forma de promover o auto-emprego junto da camada jovem da nossa população, tentando de certa forma combater o índice de desemprego que afecta principalmente os jovens”, disse. O jovem advogado pretende dar cada vez mais o seu contributo ao nível do associativismo, ajudando um maior número de jovens a integrarem-se na sociedade.
“Gostaria de também ser uma referência para os jovens da nossa sociedade”, confessa. Fruto de todo o seu empenho e dedicação, foi empossado, em 2014, como coordenador adjunto do município de Luanda do FAJE. “De certa forma, apanhou-me um pouco de surpresa pela pouca experiência que tinha na altura no âmbito do associativismo juvenil”, confessa. O seu trabalho no FAJE tem sido essencialmente na vertente da capacitação e formação dos jovens, introduzindo-os para as boas práticas de gestão empresarial.
Em cada actividade que realiza pelo FAJE, Danilo afirma que é realmente uma enorme satisfação pessoal e um grande motivo de orgulho. “Ver a quantidade de jovens que conseguimos cativar, influenciar e fazer com que eles se inspirem nas nossas experiências pessoais.” Por isso, garante que tenta esforçar-se cada vez mais para poder influenciar um número maior de jovens, que muitas das vezes precisam apenas de um incentivo, de uma orientação, e de um conselho para acreditarem no seu sonho.
Pensamentos e convicções
Danilo acredita que a maior qualidade do ser humano é a lealdade. “Aquela pessoa que me tem como amigo sabe que poderá contar comigo para qualquer eventualidade, sendo que muitas vezes prefiro prejudicar-me para ajudar um amigo”, referiu. Garante que tenta sempre ter uma atitude positiva e em todas as ocasiões.
“Mesmo quando me deparo com uma situação menos boa ou com alguma adversidade, uma vez que acredito que nada na nossa vida aconteça por acaso, tudo tem um propósito”, afirma. O jovem activista tem a ambição de se tornar uma referência na nossa sociedade em geral e no mundo da advocacia em particular, podendo deixar um legado do qual a sua filha possa orgulhar-se no futuro.
“As minhas grandes paixões neste momento são a minha filha e o meu trabalho. Apesar de que muitas vezes torna-se difícil planificar o nosso tempo de forma proporcional e equitativa aos meus amores, mas tenho feito um grande esforço para que ela não sinta tanto a ausência do pai”, admite.
Como ídolo tem a sua mãe, por ter presenciado a sua batalha e os enormes sacrifícios para que os filhos pudessem ter a melhor formação possível e que conseguissem ter uma formação superior, mesmo que para isso tivesse de abdicar de muita coisa. O conselho que passa à juventude é que não tenha pressa.
“Nós temos de ter noção de que somos o futuro do País, por isso não podemos encarar esse desafio de ânimo leve, devemos deixar este espírito imediatista que infelizmente é comum no seio dos jovens”, apela Danilo. Acredita também que este é o momento para nos capacitarmos, para consolidarmos o nosso conhecimento e amadurecermos profissionalmente, para que possamos estar preparados para enfrentar os desafios que teremos no futuro
Fonte: Mercado.co.ao