Muitos termos do universo económico angolano ainda estão em vias de definição, por ser um mercado emergente. Em comparação a outros mercados mais desenvolvidos, conceitos que fazem parte do leque de elementos fundamentais da economia se apresentam mais claros. Estando em Angola, para se chegar aos elementos micro, pode-se primeiramente fazer uma análise superficial do quadro macro, ou vice- versa. Para se perceber a harmonia das diferentes partes de uma economia organizada e o seu funcionamento geral, é necessário ter em conta a distinção da função de cada factor. Consequentemente, os agentes económicos saberão medir melhor as suas contribuições e performances no mercado.

 

De facto, balbuceia-se muito a palavra “empreendedorismo”, e por esta razão, acontece uma desconjuntura daquele que pratica esta vocação em relação ao seu lugar propício. Por exemplo, predomina a confusão entre empresariado e empreendedorismo, investidores e gestores, comerciantes e prestadores de serviço, etc. Entretanto, pode-se dizer que a prática do empreendedorismo pode ser transversal à várias áreas, desde que, essencialmente, se identifique a componente de inovação. O empreendedorismo pode ser para todos, mas nem todos são para o empreendedorismo.

Como arquitecto do negócio

empreendedor idealiza e projecta o negócio, o produto ou a empresa, o que lhe vai permitir dirigir o desenvolvimento dos mesmos. Ele desenha, planifica e acompanha o desenvolvimento do negócio de uma forma global, devendo ter conhecimento nas várias áreas que compõem uma organização, de formas a pô-las a funcionar sistematicamente. A arquitectura de um negócio envolve criatividade e dinâmica no pensar. Para auxiliar o empreendedor neste processo, existem ferramentas muito úteis que estimulam o pensamento criativo. Por exemplo, o “canvas” (tela de modelagem do negócio), considerada hoje uma das mais poderosas ferramentas para o empreendedor, que o auxilia a pensar de forma inovadora.

O empreendedor pensa em criar valor, ao invés de lucros simplesmente. Ao modelar o negócio, clarifica-se o sistema de produção e rentabilidade, focando em nove componentes essenciais do negócio incluindo, proposta de valor, segmento de clientes, relacionamento com clientes, canais, fontes de receita, parceiros-chave, actividades-chave, recursos principais e estrutura de custos. Com a definição destas categorias, a “planta” (projecção) do negócio fica exposta no papel. A partir deste, pode- se escrever o plano de negócio, que vai servir como mapa de desenvolvimento.

Como engenheiro do negócio

O empreendedor define a estrutura e os processos, considerando regulações externas e normalmente exige pensamento e cálculos lógicos. A actividade de engenharia dentro de um negócio envolve, por exemplo, cálculos de projecções financeiras, análise, definição de processos operacionais, que geralmente requerem fundamento científico. Esta actividade subsai bastante nos ramos industriais e de fabricação. Aqui também ponderam-se as actividades ligadas à lei geral de contabilidade e à lei geral de trabalho, que exigem um certo conhecimento detalhado das mencionadas áreas. Ao agir como engenheiro, em parte, coincide com a função de gestão administrativa de recursos, que, por outro lado, tem mais a ver com a manutenção do próprio negócio. Conclui-se que o empreendedorismo não é uma actividade empírica, é uma prática que se desenvolve a partir de uma tendência vocacional, na sua maioria, ou simplesmente por necessidade.

Não basta querer ser empreendedor, é preciso aprender a arte- ciência que caracteriza esta prática, incluindo princípios, métodos científicos, conhecimento prático, dinamismo, etc. Isto requer tempo, dedicação, diligência, trabalho árduo, foco e paixão. O empreendedor transforma-se e conquista um lugar e o papel que, de forma constante, desempenha no mercado. Ele é multifacetado, mas especialista naquilo que se propõe fazer e nos tipos de soluções que foca em trazer, orientado no tangível e intangível. Também percebe que inovar é a resposta para a dinâmica económica do século 21, na era do social em que o pensamento conceptual predomina, contrariamente ao da era industrial, em que o pensamento monótono mais se verificava. E por fim, o empreendedor acredita num futuro melhor, e por isso trabalha com pensamento empreendedor no presente.

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