Palestras de motivação, auto-ajuda e empreendedorismo tornaram-se fontes de negócio para uns, de inspiração para pessoas singulares e de aumento de produtividade de trabalhadores para empresas públicas e privadas. Os preços variam em função dos trabalho
A conquista do 10º título do 1º de Agosto no Girabola, depois de dez anos de jejum, deveu- se, em parte, a um árduo trabalho motivacional desenvolvido por Marco Patrice Victor (MPV) durante a época desportiva de 2016.
“Neste ano fizemos um trabalho diferente com a equipa sénior de futebol, designado de couch desportivo, que tem a ver com a motivação da equipa com vista a atingir um objectivo colectivo”, frisou. Explicou que apesar de ter a mesma base motivacional, este método diverge do trabalho individual, normalmente adoptado pelas equipas.
Além do clube militar, a empresa MPV, detentora do projecto “Mente Vencedora”, desenvolveu as mesmas acções com os quadros do Banco Nacional de Angola (BNA) do topo à base, com vista a motivá-los a se empenharem para fazer face aos desafios que se avizinham, por força de um contrato que finalizou em Outubro.
Indagado sobre o valor dos referidos contratos, limitou-se a dizer que os mesmos variam em função da quantidade dos beneficiados e “Tenho procurado passar as técnicas motivacionais às pessoas, mostrando que a solução está dentro delas Marcos Victor ““Temos tido boa adesão porque todas às Sextasfeiras publicamos um vídeo de palestras motivacionais o tempo que o processo motivacional leva.
Exemplificou que, como no BNA trabalhou com 860 pessoas, divididas em vários grupos, não manteve o mesmo preço da hora de consulta estabelecido para os clientes individuais, por considerar que seria injusto. “Se dissesse o preço como tal poderia errar porque não sou eu quem trata da parte financeira da empresa”, justificou.
Nas palestras abertas ao público, os preços dos ingressos estão repartidos em três grupos distintos, designadamente, 7.500 Kwanzas (o reservado aos estudantes), 12.500 Kwanzas (o prata) e 15.000 Kwanzas (o ouro).
Para além das actividades destinadas aos adultos, a empresa MVP tem um pacote de palestras direccionado aos adolescentes e jovens, designado de “crescer vencedor”.
A primeira acção do género ocorreu a 30 de Junho, realizada com o patrocino da Unitel, teve uma plateia de 250 pessoas, sendo na sua maioria estudantes do Instituto Nacional da Educação (INE).
Antes dessa actividade, isto é no dia 31 de Maio, realizaram aquela que consideram ser a palestra mãe, designada de “deixa de tentar e vença”, no Memorial António Agostinho Neto, tendo reunido 500 pessoas na assistência. O êxito alcançado nesse evento, cujo nome é a designação do ciclo de palestras, levou-os a reunirem uma quantidade maior no Palmeiras Clube, no dia 25 de Outubro.
“Temos tido boa adesão porque todas as Sextas-feiras publicamos um vídeo de palestras motivacionais no nosso canal no Youtube e no Facebook, mas notamos que há ainda uma resistência muito grande dos nossos concidadãos para comentarem, seja de forma positiva ou negativa”, lamentou. Como prova disso, citou que há vídeos com 2500 visualizações e sem comentários.
Marco Victor sublinhou que não pretende criar dependência nas pessoas em participarem nesse tipo de eventos. “Tenho procurado passar as técnicas motivacionais às pessoas, mostrando que a solução está dentro delas, para que depois consigam se auto-motivar”, frisou. Acrescentou que “não é que elas não sejam bem-vindas nas palestras a seguir, são. Mas não é para criar dependência. É para mostrar às pessoas como se pesca e não dar o peixe”.
Palestras para todos os bolsos
Firme Forte é a designação que o jornalista Felisberto Filipe atribuiu à empresa que montou para organizar não só palestras motivacionais como cursos profissionais. Decidiu enveredar para esse ramo assim que concluiu o mestrado em marketing e vendas, por, alegadamente, se aperceber que esse “nicho” do mercado não estava a ser explorado.
Para tal, começou com a partilha da sua experiência de vida e os caminhos que teve que percorrer para sair de padeiro a jornalista, com passagem por diversos órgãos de comunicação social, entre os quais a TV Zimbo (afecta ao Grupo Média Nova, do qual O PAÍS faz parte).
Emprega actualmente seis pessoas como efectivo e tem uma rede de colaboradores formados tanto no país e como no exterior. Estes ganham em função das actividades em que participam como oradores.
Contou que os preços dos ingressos variam em função do tipo da palestra (motivacional ou de aconselhamento matrimonial), do local em que será realizado (por não terem instalações próprias) e do público-alvo.
“Começamos a cobrar a partir dos cinco mil Kwanzas e o nosso valor mais alto, até ao momento, foi 25 mil Kwanzas por ter sido para um grupo específico de apenas dez pessoas”, disse.
Explicou que o valor mais alto é exigido às pessoas que pretendem fazer um treinamento durante uma semana. Nestas circunstâncias, usam os objectos de trabalho dos clientes como ferramentas, de maneira a que no final da actividade saiam melhor orientados e com um plano prático, aplicável em função da sua realidade.
Já os bilhetes de acesso aos eventos direccionados aos estudantes do ensino médio custam dois mil Kwaznas. Os mais abrangentes, relacionados a palestras públicas, variam entre cinco a dez mil Kwanzas. Nas palestras matrimoniais, 15 mil Kwanzas o casal.
“Nas palestras não gratuitas, eu digo geralmente às pessoas que elas não pagam só pelo conteúdo que vão ouvir. Pagam para que sejamos leitores no lugar delas porque nós lemos e pesquisamos, perdendo o nosso tempo no lugar deles”, sublinhou o também director da Rádio Unia.
Sebastião Panzo na rede conferencistas internacionais
O jornalista Sebastião Panzo integra o quarteto de empreendedores angolanos residentes no país e no exterior que realizam o alegado fórum de transformação pessoal e organizacional, designado de Power Day, no Hotel de Convenções de Talatona (HTCA). A última sessão ocorreu no Sábado, 5. Os ingressos para esse evento foram comercializados ao preço de dez mil Kwanzas.
Duas semanas antes de se reunirem em Luanda para a última sessão do ano desse que ocorreu no dia 5, Sábado, os preletores participaram num treinamento realizado na cidade sul-africana de Johanesburgo, que contou com a participação de mentores de Angola, Zimbabwe e África do Sul.
Os mentores do projecto, Sebastião Panzo (administrador DR da Bumbar Media & IT) e Lourenço Miguel (CEO da Naledi Group), convidaram para este evento Luís Cupeñala (presidente do Conselho Executivo do Bongani Group) e Sara Almeida (analista de negócios vinda exclusivamente da África do Sul).
Solicitado a fornecer mais informações sobre a organização da referida actividade, Sebastião Panzo limitou-se a enviar um comunicado de imprensa, bastante sintetizado, ao contrário do seu colega Marco Victor.
De acordo com a referida nota, o Power Day é um evento do Power Team. “Um programa internacional de mentoração, baseado na criação de relações sustentáveis a longo prazo, em que mentores assistem, numa base semanal, os seus mentorados nas áreas de desenvolvimento pessoal, liderança, gestão, estratégia e empreendedorismo”.
Victor Hugo Mendes: “80% das minhas palestras são grátis”
O radialista e apresentador de televisão Victor Hugo Mendes estima que mais de 80 mil jovens já participaram nos seus eventos especificar o valor que cobra para dar palestras de auto-ajuda a empresas, alegando que variam em função da quantidade de participantes, Victor Hugo Mendes contou que não se arrepende de ter suspenso o contrato com o canal 2 da Televisão Pública de Angola, há três anos, para se dedicar a esse tipo de actividades. No entanto, recusa-se a ser incluido no leque de conferencistas que exercem essa actividade em troca de contrapartidas financeiras, justificando que “80% das palestras que realizo em escolas são grátis e 90 por cento dos meios que uso para efectivá-las são pe ssoais”. “Agradeço e elogio a atitude que muitos palestrantes têm. Embora cada um tenha o seu objectivo e eu respeito. O meu não é dinheiro nem protagonismo”, frisou. Acrescentou: “o meu objectivo é contribuir na formação do homem, consolidando os valores cívicos, morais e patrióticos de cidadania no seio da juventude”. Para tal, partilha a sua experiência de vida e indica-lhes as estratégias que podem aplicar de modo a conseguirem realizar os seus sonhos. A ânsia em transmitir tais ensinamentos a estudantes de escolas públicas e privadas levouo a quase todas as provinciais, com excepção Zaire, assumindo os custos de transportação, alimentação e, em alguns casos, de alojamento. Fruto desse esforço, estima que mais de 80 mil jovens já participaram nos seus eventos ao longo dos últimos três anos. Indagado sobre como consegue suportar tais despesas, explicou que no final das actividades comercializa as suas obras, designadamente, “O meu livro de pensamentos”, “face 69” e “Tchiwequinha”, entre obras de autores, sem impor como uma condição para participarem. Confessou que raras vezes as pessoas adquirem e quando o fazem, doa parte do dinheiro a uma instituição de caridade da respectiva localidade.