Os êxitos do projecto “Mulheres Empreendedoras” em Porto Amboim, província do Cuanza Sul, foram debatidos numa conferência que juntou equipas da organização financiadora, executoras, autoridades administrativas e beneficiárias.
A conferência foi promovida pela Visão Mundial, executora do projecto, e serviu para partilha de informações sobre as diferentes etapas da execução do projecto, lições apreendidas e análise dos resultados.
Iniciado em 2014, o projecto “Mulheres Empreendedoras”, que termina já em Dezembro, obteve resultados palpáveis junto das comunidades, permitiu a geração de rendimentos nos arredores da cidade de Porto Amboim, com maior ênfase para mulheres viúvas e outras, que assumiram a tutela das famílias por terem os parceiros desempregados.
O director-geral da Visão Mundial, Grenville Hophison, referiu que a organização pensa, primeiro, no fortalecimento das comunidades. “Quando um projecto apoia mulheres tem grande alcance, por serem elas o garante das famílias, sobretudo, das crianças”, disse.
Grenville Hophison acrescentou que os resultados positivos da primeira fase deveram-se ao empenho e transparência das beneficiárias, no cumprimento das suas obrigações. A organização pretende entrar na segunda fase, mas depende dos apoios institucionais e financeiros dados.
“Os resultados estão à vista, mas a passagem para a segunda fase depende muito dos apoios”, afirmou. O funcionário, que percorreu o continente com este tipo de projectos, afirma: “se quiser ir rápido, vá sozinho, mas se quiser ir longe, vá em grupo.”
Efeitos preconizados
A gestora de projectos de desenvolvimento da Visão Mundial em Porto Amboim, Ilda Chiyo, afirma que os resultados previstos pelo projecto foram alcançados e superam as expectativas.
As beneficiárias directas rondam as 600 mulheres, enquanto os indirectos, entre filhos, esposos e outros membros das famílias totalizam um universo de 3.600 pessoas. “Alcançámos resultados animadores e, se consolidarmos o projecto com a segunda fase, vai constituir-se numa referência nacional”, frisou.
Ilda Chiyo destacou a capacitação, durante a primeira fase, de 322 mulheres em metodologias de bancos comunitários, 236 em liderança comunitária e cultura corporativa, 496 em habilidades de negócios e técnicas de comercialização e 159 em desenhos de planos de negócios, além da constituição de mais de 40 bancos comunitários, que acumularam mais de quatro milhões de kwanzas. Ilda Chiyo garantiu que, até ao fim da primeira fase do projecto, se pretende formar equipas fortes de mulheres, capazes de darem resposta aos desafios que o momento impõe.
Ao todo, foram formadas 572 mulheres em metodologia de bancos comunitários, liderança comunitária e cultura corporativa, habilidades de negócios e técnicas de comercialização e desenhos de planos de negócios.
Através de um acordo com a entidade financiadora, a Total, na base da adopção de um fundo de garantia, a agência do Banco Sol, em Porto Amboim, concedeu durante três anos créditos, avaliados em 25,5 milhões de kwanzas, para 150 mulheres empreendedoras vocacionadas a diversos segmentos de negócios, com destaque para as actividades de captura, processamento e comercialização de pescado, comércio, corte e costura.
Cada beneficiária do projecto recebeu um crédito de 170 mil kwanzas, na base de um contrato de reembolso num período de 12 meses.
Competências adquiridas
Ilda Chiyo referiu que, com as acções desenvolvidas na primeira fase do projecto, as mulheres passaram a acreditar que podem aumentar os seus rendimentos através de planos de negócios viáveis, mobilizar as poupanças e, ao mesmo tempo, melhorar os investimentos, como premissa para um espírito empresarial e de crescimento.
Outro ganho referido pela gestora de projectos de desenvolvimento da Visão Mundial em Porto Amboim foi a formação de lideranças visionárias, governação interna e promoção da solidariedade entre as beneficiárias, bem como a realização de palestras de sensibilização para ampliar conhecimentos e acções de prevenção a doenças infecciosas nas comunidades.
Total estuda continuidade
A Total, financiadora do projecto, anunciou que vai trabalhar junto de outros parceiros, em particular a Sonangol, para dar continuidade ao projecto de responsabilidade social, tendo em conta os êxitos alcançados. O director-geral da Total, Diamantino Van Des, afirma que a participação no projecto se enquadra não só na estratégia de combate à fome e redução da pobreza, mas também visa fortalecer as mulheres em matéria de gestão, planos de negócios, criação de grupos solidários e espírito de solidariedade.
Os representantes da Sonangol e do Banco Sol mostraram-se sensibilizados com os êxitos alcançados e consideraram o projecto “Mulheres Empreendedoras” um sucesso.
Na ocasião, algumas beneficiárias falaram sobre como progrediram nos negócios. Exemplos de sucesso foram demonstrados pelas beneficiárias Maria Micaela e Ana Cafranca, que, durante a primeira fase do projecto, conseguiram vencer as inúmeras barreiras impostas pela conjuntura económica e social.
A vice-presidente da Federação das Mulheres Empreendedoras no Cuanza Sul, Fernanda de Azevedo, mostrou-se satisfeita pelos êxitos alcançados e louvou a determinação das envolvidas no processo.
Empenho vence crise
A representante da Direcção Provincial da Família e Promoção da Mulher, Evalina Tcheia, pediu a extensão do projecto a outras localidades da província, para atenuar o sofrimento de algumas famílias. “O projecto ‘Mulheres Empreendedoras’ contribuiu para o bem-estar das famílias em Porto Amboim, por isso, pedimos que a organização atinja outras localidades da província, para potenciar outras famílias que carecem de incentivos para produzirem o que necessitam”, disse.
Referiu que “quando se educa e se apoia uma mulher, os resultados reflectem-se na sociedade.”
Na abertura da conferência, o vice-governador do Cuanza Sul para o Sector Económico, Franklin Silva, considerou o projecto “Mulheres Empreendoras” de Porto Amboim uma demonstração de valentia.
“O projecto, cujos resultados partilhámos nesta conferência, enquadra-se nas políticas públicas do Executivo sobre o combate à fome e redução da pobreza, pois, além do alcance social e económico, traduz o empoderamento das mulheres e equidade do género”, afirmou.
Franklin Silva pediu às mulheres contempladas para ensinarem outras, para que as boas práticas se multipliquem.