Os projectos da juventude a serem financiados pelo Governo angolano, no âmbito do “Projovem”, devem ser devidamente analisados e, se possível, avaliados pelas associações empresariais, para acompanhar e monitorar.
A afirmação é do vice-presidente da Liga dos Empresários e Executivos de Angola (Prestigio), Fernandes Antero Miranda, quando falava em declarações à Angop sobre a linha de financiamento Projovem orçado em quatro biliões.
Seria uma mais valia, prosseguiu, se as associações empresariais fossem convidadas a participar na avaliação dos projectos dos associados, nem que fosse com uma carta de recomendação ou de justificação da idoneidade do empreendedor.
Segundo Fernandes Antero Miranda, o que mais preocupa é a forma como estes financiamentos são alocados e aprovados.
Por este facto, sublinhou, o Governo deve criar mecanismos de fiscalização e controlo cada vez mais eficientes, no sentido de que estes valores tenham o retorno, para a cadeia continuar e abranger novos empreendedores.
Quanto à aplicação, a Liga é de opinião que o financiamento deve ser aplicado em projectos cuja análise económica e financeira traduz um potencial de crescimento, quer seja para gerar emprego ou para desenvolver, principalmente, a cadeia alimentar .
A maior parte dos projectos, afirmou o vice-presidente da Prestigio, devia estar virados à agricultura e agro-pecuária. “ Pensamos que isto iria atrair os jovens a criarem emprego e a fortalecer a sua actividade no campo para começar a combater o êxodo para as cidades.
“ O financiamento de projectos no campo, nomeadamente, a multiplicação de plantas e de animais, seria bem vindo para atrair os jovens que estão no campo”, sublinhou.
Quanto aos potenciais beneficiários, Fernandes Miranda é de opinião que os financiamentos devem ser mais abrangentes e que a juventude deve ser apenas a franja maioritária desse financiamento (70%) , uma vez que o empreendedorismo não tem idade.
No seu entender, os projectos que fossem bem concebidos e com potencial de sucesso, deviam ser aprovados. Os que não tivessem esta matriz seriam reprovados e anunciados publicamente.
Questionado sobre a falta de êxito em projectos de financiamentos anteriores, o vice-presidente da liga referiu que o problema está no facto de muitos projectos apresentados terem um excessivo peso decisório de gabinete e quem os concebe, na plenitude, não são pessoas ligadas a área.
A nível das províncias existe muita seriedade e vontade de se implementar os projectos, mas falta a avaliação, afirmou.
Referiu que o dinheiro, no âmbito do financiamento, deve estar alocado e não deve haver corridas para o obter. “O rigor tem que ser na selecção dos projectos, pois será a forma de termos empresas com contabilidade sérias”.
Por outro lado, referiu que o Governo tem que ter uma estratégia clara para alavancar a economia de modo a que o país se torne auto-suficiente. De igual modo, deve ser capaz de esclarecer onde falharam as anteriores estratégias.
O interlocutor, que defende prioridades (áreas de actuação) e financiamento por cadeias, sublinhou a necessidade de alavancar a agricultura e avaliar as zonas francas para a produção em grande escala de determinados produtos que servem de matéria prima para a indústria.
Nessa fase do processo de diversificação da economia do país, o pouco que produzimos já estamos a competir com algumas industrias nascentes e com a produção em massa de animais.
Apelou aos jovens a continuar com os estudos e a transformarem-se em pessoas, cujo pensamento estratégico não seja apenas o de procurar emprego, mas também pensar em criar emprego.
O “Projovem”, que será assegurado pelo Banco de Desenvolvimento de Angola (BDA), vem dar resposta a algumas das solicitações feitas pela juventude durante o Fórum Nacional de Auscultação dos Jovens, realizado em 2013, no âmbito do Plano Nacional de Desenvolvimento (PND/2013-2017).
A linha de crédito, que terá como operadores entidades ligadas ao Conselho Nacional da Juventude, Instituto Nacional da Juventude e o Instituto Nacional de Apoio às Micros, Pequenas e Médias Empresas, vai financiar os sectores da hotelaria e turismo, indústria, agricultura, pecuária, prestação de serviços, das pescas, tecnologias de informação e comunicação, do comércio e empreendedorismo cultural, respectivamente.
O projecto aprovado durante a 1ª Reunião Ordinária Conjunta das Comissões Económica e para Economia Real do Conselho de Ministros, visa, entre outros objectivos, criar um mecanismo para que os jovens possam dedicar-se ao empreendedorismo, no quadro de um novo processo de educação da juventude, com vista a pôr em marcha o espírito criativo.